O dia do trabalhador não é apenas a data que está no
calendário e que abre o mês de maio. O dia do trabalhador é todo santo dia,
porque a luta por salários dignos e condições dignas de trabalho deve ser diária, nas bases, durante as
conversas de fim de semana e, principalmente nos sindicatos.
Essa luta não envolve só os trabalhadores com carteira
assinada, mas também os trabalhadores informais e os micros e pequenos
empresários, muitos deles ex-desempregados que resolveram empreender e também
precisam de união e apoio para sustentar suas famílias.
Dura realidade
Durante a celebração inédita que a Fecomerciários realizou
no seu Centro de Lazer, em Avaré, com a presença do Governador Rodrigo Garcia,
entre outras autoridades, pude conversar com muita gente. Mesmo em um cenário
de lazer, que teve como ponto culminante a apresentação da dupla Zé Neto e
Cristiano, houve momentos de reflexão. Ouvi filhos e filhas de pais
desempregados que vem procurando emprego há vários meses sem sucesso.
Entendo bem de números, dada a minha formação profissional
na área da contabilidade. Venho acompanhando o desempenho das taxas de
desemprego no Brasil, que ficou em 11,1% no primeiro trimestre deste ano,
mostrando estabilidade frente ao 4º trimestre do ano passado.
Mas para quem está desempregado a estabilidade não é nenhum
alento. Eles estão 100 por cento desempregados, assim como estão nesta situação
aproximadamente 12 milhões de brasileiros, segundo o IBGE. Há ainda um
contingente de 4,6 milhões de desalentados, ou seja, de pessoas que desistiram
de procurar emprego.
Diante desse quadro, ainda temos a volta da inflação, que
corrói os salários, principalmente dos que ganham menos e as dificuldades
enfrentadas nos dissídios de diferentes categorias de trabalhadores, para repor
as perdas e manter as conquistas sociais.
Conclat
Na busca de uma solução para o desemprego entendo que além
da luta que travamos no Congresso Nacional é necessário que associações,
sindicatos, centrais e federações de trabalhadores, deem ênfase diariamente aos
encaminhamentos da Conferência Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat),
realizada em há pouco mais de um mês em São Paulo.
Naquela oportunidade, representantes das principais centrais
sindicais aprovaram uma pauta unificada, com 63 propostas, para serem
discutidas e levadas aos candidatos, nas eleições gerais deste ano. Destaco alguns desses itens: valorização do
salário mínimo, programa de renda básica, promoção de políticas de incentivo as
micro, pequenas e médias empresas; promoção do princípio de “trabalho igual,
salário igual”; garantia à mãe, de um período de 180 dias de licença
maternidade; política de formação profissional; programa que envolva saúde e
segurança do trabalhador e programas de economia solidária que combatam a carestia.
Estes itens, pouco mencionados nas celebrações do Dia do
Trabalho, podem ser resumidos em quatro palavras, que são a base central da
Conferência deste ano: Emprego, Direitos, Democracia e Vida!
Trabalhamos pela implantação destas propostas há vários anos
e, agora, mais intensamente no Congresso Nacional, no qual componho a bancada
trabalhista. Por outro lado, é
importante que governos façam a sua parte, criando programas e projetos para o
crescimento econômico no país, gerando emprego e renda para todos. O 1º de Maio
será reafirmado ao longo de todo o mês!
*Luiz Carlos Motta é
Presidente da Fecomerciários, da CNTC e Deputado Federal (PL/SP)