Mais uma vez, estamos
diante de atitudes que prejudicam a classe trabalhadora, fere seus direitos e
faz com que anos de lutas e conquistas sejam deixados para trás, como se não
fossem importantes o bastante. A verdade é que pela ótica governista não são: o
que prevalece são os interesses do patronato, de grandes empresários e do
próprio governo.
Os ataques que percebo,
cotidianamente, são muitos a começar pelo esvaziamento e indefinição que pairam
sob o Ministério do Trabalho. Sem liderança, a atuação dos operadores do
Direito Trabalhista se complica, o papel intrínseco da pasta está estremecido.
Transformar um Ministério
tão importante em barganha política é desrespeitar todos os trabalhadores
brasileiros, pois, prejudica os importantes papeis de mediação das relações de
trabalho e conflitos, de atuação pela segurança do trabalhador e de proteção da
classe trabalhadora de maneira geral.
Todo o movimento sindical
repudia essa situação e luta para que o Ministério do Trabalho possa atuar
novamente como foi em sua origem: uma pasta ativa, que defende os direitos dos
trabalhadores com fervor e que, por exemplo, teria agido de outra forma diante
da reforma trabalhista, originada na própria pasta, e que significa um
retrocesso social.
Eu espero que atitudes
mais coerentes sejam tomadas ou então, a Reforma da Previdência também será
aprovada com total desrespeito ao trabalhador. Nesse ponto, diria que o que o
governo realmente quer é que a aposentadoria deixe de ser um direito garantido
e passe a ser uma incerteza. Com todas as transformações no mundo do trabalho,
como garantir emprego decente para todas as pessoas em
idade apta para trabalhar? Como usufruir
da aposentadoria quando a idade já está avançada? Para mim, os questionamentos
que devemos fazer são inúmeros.
A desculpa para a reforma
é o divulgado déficit na previdência social, ponto este questionado por muitos
especialistas que dizem que os números foram manipulados para obter a
justificativa pretendida; entretanto, ainda que houvesse um déficit o
necessário seria um reforço no financiamento, correto? Correto. Mas, o que a
proposta de reforma demonstra na realidade é uma retirada de benefícios para o
trabalhador, ações essas que não auxiliam de maneira alguma no financiamento.
Vejo o enfraquecimento desse
direito fundamental, prejudicando o ser humano que desenvolveu por tantos anos
determinada função, ofereceu sua mão de obra e de repente se vê sem a garantia
de uma vida digna em seu período de aposentadoria.
Outro ponto que devemos
ter atenção é que, ao retirar os benefícios da previdência social e dificultar
a aposentadoria, o governo oferece um banquete aos bancos: o incentivo nítido a
previdência privada. Aqueles com condições de trabalho melhores correrão para
as instituições bancárias na busca de garantir um futuro digno, mas e os
trabalhadores mais singelos? Serão esquecidos e deixados à margem da indignação
e da precariedade.
Em suma, os interesses do
governo, alinhados ao do mercado financeiro, estão claros em suas ações e
propostas, como nas Reformas Trabalhista e Previdenciária e na atual situação
do Ministério do Trabalho. Nós, enquanto cidadãos e trabalhadores precisamos
nos unir e lutar pela contínua busca de direitos mais igualitários entre todos
e pela dignidade de nossas vidas e, por isso, enquanto líder sindical,
comerciário e cidadão, estou com vocês.
Milton de
Araújo
Presidente
do Sincomerciários de Jundiaí e Região